Precipício

Isso é necessariamente estranho. Tantas emoções fundidas num coração, num instante, numa conversa, numa solidão. E confesso, às vezes embaralho-me com tanta informação e desinformação. É essa inconstância que me faz ter momentos de infinda felicidade e, minutos depois, sentir aquele aperto no peito, saudade, dúvida. Mas será saudade? Costumo comparar isso a algum tipo de droga, de vício, a um movimento de montanha-russa. E ai se fosse só isso que me ligasse a você, se você fosse só um vicio com um tratamento eu resolveria. Contudo, eu e você sabemos que não é tão simples assim, ou somente eu que sei?
O que me aflige é ter gosto apurado para tudo que é perigoso, difícil, inconstante, raro, duvidoso. É como estar à beira de um precipício o tempo todo. É querer arriscar, mas ter medo de perder tudo aquilo construído. É querer voltar, mas ter uma força maior puxando-me para a imensidão. Sabe quando você quer sair, mas quer ficar? Essas infinitas dicotomias invadem minha mente, fazem-me criar coragem pra seguir e pular nesse precipício. Jogar tudo pro alto pra ver no que dá, ter a liberdade de dizer o que sinto, libertar, desejar, arriscar.
Mas arriscar tudo isso por um pensamento frívolo e bobo? Arriscar todos esses anos por uma dúvida? Inúmeros pensamentos, dúvidas, perguntas, respostas.. e, por incrível que possa parecer, uma certeza: amar você. De que forma, maneira ou jeito eu não garanto saber, mas garanto-lhe ser o mais verdadeiro e puro sentimento que habita em mim. É o único precipício que estou à beira e, ainda assim, faço-me com vontade de pular e sentir o vento em minha face. Por quê? Porque eu sei que você estará ali para segurar-me.